O Folclore e as tradições populares

Por Christiane Angelotti

“Um homem é invariavelmente a soma de muitos homens que nele vivem.”
(Luis da Câmara Cascudo)

Folclore não se resume a festas típicas, também não se trata de uma data comemorativa marcada no calendário (22 de agosto), muito menos se resume a meia dúzia de lendas de personagens como o Saci-Pererê e a Mula-sem-cabeça.

O folclore é dinâmico, se renova constantemente, fala do passado, mas também do presente.  É o retrato da cultura de um povo e ajuda a contar a sua história.

É chamado de folclore o conjunto de práticas, histórias e tradições que pertence a um determinado povo e foi espalhado oralmente, passando de geração em geração, resistindo ao tempo. É também chamado de cultura popular tradicional.

Em qualquer parte do mundo, de países desenvolvidos a países subdesenvolvidos, todos os povos têm um repertório de práticas populares.

O repertório de práticas populares é acionado desde uma receita caseira de remédio para gripe, passada de geração em geração, a costumes, ditados populares, crendices. Cada novo costume incorporado pela sociedade passa a fazer parte de seu folclore.

Para que algo seja considerado folclórico ele precisa fazer sentido para um grupo e resistir ao tempo. A transmissão do saber acontece no convívio social, seja em casa ou na sociedade.

O folclore se atualiza. Um exemplo que podemos citar é uma cantiga de roda que em um momento era cantada de um jeito e teve sua letra modificada por não mais retratar os costumes da sociedade da época, seja por ter a letra com conotação machista, racista, ou por um determinado costume não fazer mais sentido.

Além de levar às crianças nossas lendas, cantigas, quadrinhas e adivinhas, reuni-las para contar histórias de família e ensinar as brincadeiras da nossa infância é uma forma de conservar nossa cultura.

O que são as tradições populares de um povo?

O autor Carlos Rodrigues Brandão, em seu livro O que é Folclore, da Editora Brasiliense, explica que o termo foi cunhado em 22 de agosto de 1856, quando o escritor britânico William John Thoms o utilizou pela primeira vez em uma carta enviada à revista londrina The Atheneum. No texto, ele usou "folk (povo)-lore (saber)" para designar o saber tradicional do povo, em vez do termo, então corrente, tradições populares.

Trinta e dois anos depois da carta de Thoms, um grupo de estudiosos fundou a Sociedade de Folclore, em Londres, que tinha por objeto de estudo as narrativas e os costumes tradicionais, os sistemas populares de crenças e superstições e as formas populares de linguagem.

O Folclore no Brasil

No Brasil, em 1951, ocorreu o I Congresso Brasileiro de Folclore, no Rio de Janeiro. Lá foi elaborada a Carta de Folclore Brasileiro (http://www.fundaj.gov.br/geral/folclore/carta.pdf), que define o folclore como:

“(...) o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade. Ressaltamos que entendemos folclore e cultura popular como equivalentes, em sintonia com o que preconiza a UNESCO. A expressão cultura popular manter-se-á no singular, embora entendendo-se que existem tantas culturas quantos sejam os grupos que as produzem em contextos naturais e econômicos específicos.”

O maior folclorista brasileiro de todos os tempos

“Queria saber a história de todas as coisas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar das Estrelas, dos morros silenciosos. Assombrações. Mistérios. Jamais abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje não têm preço (...).” Câmara Cascudo.
Câmara Cascudo com a neta Daliana e o neto Newton.

Luís da Câmara Cascuro, ou simplesmente Câmara Cascudo, nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, em 30 de dezembro de 1898 e faleceu na mesma cidade, em 1986, aos 87 anos. É praticamente impossível falar sobre o folclore brasileiro sem citá-lo, pois ele foi um dos maiores estudiosos do tema de todos os tempos.

Câmara Cascudo foi o principal responsável por tornar conhecidas muitas figuras fantásticas do folclore brasileiro. Sempre muito estudioso, foi historiador, folclorista, jornalista e antropólogo. Em suas viagens pelo mundo traduziu para o português vários documentos e estudos sobre sociedade e cultura.

Empenhado em compreender a história do país e a formação cultural do povo brasileiro, ele dedicou parte de sua vida a catalogar, pesquisar e escrever sobre o tema. De um caderno de notas que fazia nasceu o Dicionário do Folclore Brasileiro, um dos grandes registros do folclore brasileiro até hoje. Ao todo escreveu aproximadamente 190 livros, sendo a maioria sobre costumes e tradições populares.

Fontes para pesquisa

Instituto Ludovicus:
Memória Viva:
Livros de Luís da Câmara Cascudo publicados pela Global Editora e vídeos:

Livros para o Ensino Fundamental I (com sugestões de atividades)
Contos de animais:
A princesa de Bambuluá:
Couro de piolho:
Maria Gomes:
O marido da mãe d’água e a princesa e o gigante:
Facécias:

Livros para o Ensino Fundamental II (com sugestões de atividades)
Contos de exemplo:
Contos tradicionais do Brasil para jovens: 
Vaqueiros e cantadores para jovens:
Lendas brasileiras para jovens: 
Histórias de vaqueiros e cantadores para jovens: