Educação infantil em foco — #2

Por Lauri Cericato
Educador, consultor, palestrante e diretor editorial

Lauri Cericato responde as perguntas enviadas por nossos leitores.

P: Quanto tempo leva para a criança se adaptar na educação infantil?

R: Não há tempo determinado para esta adaptação. O que normalmente se espera é que seja entre uma a duas semanas, podendo chegar a três, no processo natural de adaptação. Mas depende de cada criança. Alguns fatores podem influenciar neste processo de adaptação, por exemplo: Se a criança convive apenas com a família (adultos) a possibilidade de ter maior dificuldade de adaptação é grande. Se é uma criança que convive com outras crianças no círculo social a tendência é de uma adaptação mais simples.

P: Como nós professores podemos nos preparar para esse período de adaptação, para torná-lo mais fácil?

R: Os educadores têm uma missão importante nesse período de adaptação: o de acolhimento. Sabemos que não é fácil lidar com uma criança fora de seu ambiente familiar, talvez pela primeira vez. Mas é possível, embora exija muita paciência do educador. Além de paciência tudo fica facilitado quando se conhece o desenvolvimento infantil e há acolhimento e uma permanente construção de vínculos afetivos com a criança - um trabalho fundamental, que começa ao iniciarem a adaptação e segue ao longo do ano. Outra dica para se antecipar a este momento de adaptação é agendar uma reunião com a família, antes do início do ano letivo, para conhecer mais sobre a rotina da criança e da família.

P: Como o professor pode lidar com a criança que chora muito na fase de adaptação?

R: Primeiramente o educador precisa distinguir os tipos de choro da criança. Por exemplo: o que expressa dor, o de acordei vem me buscar, cadê minha mãe, e o de saudade, entre tantos outros. É essencial que o educador que trabalhe na Educação Infantil tenha esta sensibilidade. Sensibilidade que se desenvolve com o acumulo de experiência ao longo da vida. 

Para entender a criança que só chora na fase de adaptação é preciso “decifrar as lágrimas”. Tenha em mente que o objetivo da criança é comunicar que algo vai mal. Eles relacionam o choro a uma reação boa a uma ação. Afinal, alguém vem atendê-los rapidamente quando choram. Esse é o jeito que eles têm de dizer que está tentando lidar com um problema, mas não está fácil. Por isso, deve-se evitar ideias preconcebidas e tentar entender o que o choro expressa.

Não há manual pré-estabelecido para entender o choro, é necessário chegar a uma solução por meio de tentativas e erros e, com o tempo, chega a várias respostas. Quando há dor física, deve-se agir no ato e buscar as devidas orientações médicas. A dor emocional também merece ação rápida e aconchego. É esperar algumas semanas de adaptação que tudo passa. Boa sorte!

Mais dicas sobre adaptação escolar:

6. Decida com a escola o melhor momento para a retirada das fraldas, para a troca da mamadeira por copo e o uso de talheres. Se perceber que seu filho está preparado, avise a professora. Caso contrário, peça mais tempo.

7. Respeite o ritmo de seu filho. Não o compare com irmãos ou amigos.

8. Seja parceiro da escola. Esteja presente e participe das reuniões de pais.

9. Vá às atividades extraclasses, como palestras, eventos, etc.

10. Valorize e respeite a escola, os professores e os funcionários.



Se tiver dúvidas, mande suas perguntas para paraeducar.contato@gmail.com.

Lauri Cericato
Pai, educador, editor, consultor e palestrante na área de Educação.
Filósofo, Historiador e Pedagogo.