As Festas Juninas

Por Christiane Angelotti

Festas juninas é como chamamos no Brasil as festas comemoradas no mês de junho. Elas homenageiam três santos da fé cristã: Santo Antônio (dia 13), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29).

A influência da colonização portuguesa na cultura brasileira é provavelmente a razão pela qual comemoramos as datas desses santos católicos. No entanto, a origem das comemorações dessa época do ano é anterior à tradição cristã.

No hemisfério norte, várias celebrações pagãs aconteciam durante o solstício de verão, fenômeno astronômico que marca o início do verão. Essa data marca o dia mais longo e a noite mais curta do ano, o que ocorre entre os dias 21 ou 22 de junho (no hemisfério norte). Diversos povos da Antiguidade, como os celtas e os egípcios, aproveitavam a ocasião para praticarem rituais em que pediam fartura para as colheitas. Tais práticas eram realizadas ao redor de fogueiras, com festejos para homenagear os deuses da colheita, e assim a população se preparava para a época de plantio.

Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, alguns dos povos indígenas que aqui viviam também praticavam rituais durante o mês de junho, mês que marca o início do inverno no hemisfério sul, muitos deles também ligados à agricultura.

Com a chegada dos jesuítas portugueses vários costumes se fundiram dando origem aos festejos que celebram os santos católicos, com comidas típicas, cantos e danças.

Nossos costumes

Esse mês é marcado por festas típicas, roupas coloridas, músicas, danças, quadrilhas e comidas deliciosas. É costume montarmos um arraial, que é uma aldeia (temporária, pois só existe durante as comemorações), com barracas de comidas típicas do nosso país, brincadeiras, jogos, danças e muita diversão! Arraial que se preze tem fogueira, bandeirinhas coloridas para decoração, quadrilhas, baião, forró e muitas cores. Há muitas festas em que as pessoas se vestem  em trajes "de caipira" (um jeito estereotipado de mostrar o homem da roça), encenação de casamento na roça e mais. Vale ressaltar que a teatralização do casamento na roça é algo a ser repensado uma vez que ao passarmos a imagem do homem do campo com roupas remendadas, sem dentes em condições de pobreza podemos contribuir para banalizar situações que existem, reforçar pré-conceitos e criar um distanciamento social. Podemos fazer a mesma festa com as pessoas em trajes coloridos e chapéus sem depreciarmos ninguém e que o foco seja sempre as danças, comidas, música e alegria.

Antigamente, costumava-se soltar balões nessa época do ano, mas devido aos incêndios que eles podem provocar foram proibidos. É aconselhável se divertir com os fogos de artifício (sempre com cuidado) e com a festa.

As festas juninas são comemoradas no Brasil desde o século XVI. Tais comemorações sofreram muitas adaptações desde o seu início no nosso país.

A comemoração dessas festas nos fazem viver intensamente nosso folclore, a nossa cultura. Contamos com a influência de vários povos que marcaram a nossa história. Dos portugueses nós herdamos as comidas (como arroz doce), a festa em si, a tradição religiosa, algumas danças, como a dança das fitas. Dos franceses, herdamos a quadrilha com passos e marcações inspiradas na corte europeia. Dos povos indígenas, o gosto por alimentos como mandioca e milho. Dos povos africanos, as danças, as comidas. É difícil separar as influências que sofremos, pois somos o resultado de tudo isso, da mistura de povos e tradições.

As comemorações apresentam diversas características de acordo com a região do país.

Os Santos Padroeiros das festas

Santo Antônio: conhecido como santo casamenteiro, santo que protege e preserva o amor e também um santo que encontra coisas perdidas. Geralmente na véspera da festa desse santo, as pessoas interessadas em casar, arrumar um amor ou preservar o seu, costumam fazer simpatias para ele. 

Santo Antônio foi um religioso português que nasceu em 1195 em Lisboa. Morreu ainda jovem, com apenas 36 anos em Pádua, na Itália.

São João: um dos santos mais populares. Considerado santo protetor das mulheres grávidas. Segundo a Bíblia, João era primo de Jesus, pois Isabel era prima de Maria. João Batista batizou Jesus nas águas do rio Jordão, rio que hoje faz a fronteira entre Israel e a Jordânia e entre esta e a Cisjordânia. A imagem de São João Batista é geralmente apresentada como um menino com um carneiro no colo, já que segundo a Bíblia ele anunciou a chegada de Jesus.

São Pedro: foi pescador e apostolo de Jesus. É conhecido como santo dos pescadores, guardião das chuvas.

A fogueira

As fogueiras fazem parte da tradição das festas juninas. O fogo é tido como símbolo de purificação desde a Antiguidade. Cada festa, porém, tem a sua fogueira especial. Na festa de Santo Antônio a fogueira deve ter uma base quadrada, e é também conhecida como chiqueirinho. Na festa de São João a fogueira deve ter uma base redonda, fazendo a fogueira ser cônica, em formato de pirâmide. Já a fogueira da festa de São Pedro deve ter a base triangular e deve ser triangular.





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Músicas Juninas

Cai, Cai Balão
(Domínio público)

Cai cai balão, cai cai balão
Aqui na minha mão
Não Cai não, não cai não, não cai não
Cai na rua do Sabão
Cai cai balão, cai cai balão
Aqui na minha mão
Não vou lá, não vou lá, não vou lá
Tenho medo de apanhar!

Olha Pro Céu Meu Amor
Autores: José Fernandes e Luiz Gonzaga

Olha pro céu meu amor / Vê como ele está lindo /
Olha praquele balão multicor / Como no céu vai sumindo.
Foi numa noite igual a esta / que tu me deste teu coração/
O céu estava em festa / porque era noite de São João /
Havia balões no ar / xote, baião no salão /
E no terreiro o teu olhar / que incendiou meu coração.


Sonho de Papel
Autor: Alberto Ribeiro 

O balão vai subindo/ Vem caindo a garoa/ O céu é tão lindo/ E a noite é tão boa/ São João, São João/ Acende a fogueira/ No meu coração.

Sonho de papel/ A girar na escuridão/ Soltei em seu louvor/ No sonho multicor/ Oh! Meu São João.

Meu balão azul/ Foi subindo devagar/ O vento que soprou/ Meu sonho carregou/ Nem vai mais voltar.

Capelinha de Melão
(Domínio público)

Capelinha de melão / É de São João /
É de cravo, é de rosa / É de manjericão.
São João está dormindo / Não me ouve não /
Acordai, acordai / Acordai, João.

Pula a fogueira
Autores: Getúlio Marinho e João B. Filho 

Pula a fogueira, Iaiá
Pula a fogueira, Ioiô
Cuidado para não se queimar
Olha que a fogueira
Já queimou o meu amor
Nesta noite de festança
Todos caem na dança
Alegrando o coração
Foguetes, cantos e troca
Na cidade e na roça
Em louvor a São João
Nesta noite de folgueto
Todos brincam sem medo
A soltar seu pistolão
Morena flor do sertão
Quero saber se tu és
Dona do meu coração

Balão vai subindo
(Domínio público)

O Balão vai subindo
Vem vindo a garoa
O Céu é tão lindo
E a Noite é tão boa
São João, São João 
Acende a fogueira do meu coração. 

Isto é Lá Com Santo Antônio
Autor: Lamartine Babo 

Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio
São João disse que não! 
São João disse que não! 
Isto é lá com Santo Antônio! 
Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio
Matrimônio! Matrimônio! 
Isto é lá com Santo Antônio! 
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava a Santo Antônio
São João ficou zangado
São João só dá cartão
Com direito a batizado
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava a Santo Antônio
Matrimônio! Matrimônio! 
Isso é lá com Santo Antônio! 
São João não me atendendo
A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso
Disse o velho num sorriso: 
Minha gente, eu sou chaveiro! 
Nunca fui casamenteiro! 
São João não me atendendo
A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso
Matrimônio! Matrimônio! 
Isso é lá com Santo Antônio


Noites de junho
Compositores: João de Barro e Alberto Ribeiro 

Noite fria tão fria de junho
Os balões para o céu vão subindo
Entre as nuvens aos poucos sumindo
Envoltos num tênue véu
Os balões devem ser com certeza
As estrelas aqui desse mundo
As estrelas do espaço profundo
São os balões lá do céu
Balão do meu sonho dourado
Subiste enfeitado, cheinho de luz
Depois as crianças tascaram
Rasgaram teu bojo de listas azuis
E tu que invejando as estrelas
Sonhavas ao vê-las ser astro no céu
Hoje, balão apagado, acabas rasgado
Em trapos ao léu.

Chegou a hora da fogueira
Lamartine Babo 

Chegou a hora da fogueira
É noite de São João
O céu fica todo iluminado
Fica o céu todo estrelado
Pintadinho de balão
Pensando no caboclo a noite inteira
Também fica uma fogueira
Dentro do meu coração
Quando eu era pequenino
De pé no chão
Eu cortava papel fino
Pra fazer balão
E o balão ia subindo
Para o azul da imensidão
Hoje em dia o meu destino
Não vive em paz
O balão de papel fino
Já não sobe mais
O balão da ilusão
Levou pedra e foi ao chão

São João Na Roça
Autor: Luiz Gonzaga

A fogueira ta queimando
Em homenagem a São João
O forró já começou
Vamos gente, rapa-pé nesse salão

Dança Joaquim com Zabé
Luiz com Yaiá
Dança Janjão com Raque
E eu com Sinhá
Traz a cachaça Mane!
Que eu quero ver